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sexta-feira, 20 de maio de 2011
FOLHA EM FALTA NO VELHO CADERNO
Eu não gosto de ser assim
tão parecido contigo
tão similar
tão regular
tão tu
tão nada
pego na caneta que bra da
e as pa la vras surgem sós
apagam-se riscam-se
e depois reaparecem
nós poetas somos seres
palavras que se desvanecem
eu quero fazer um poema NOVO
diferente de TUDO
igual a nada NUNCA feito
mas a folha está imprópria
contaminada pelo veneno com que me morro
fácil
sempre a preceito
CORRO
no canto o dedo marcado
do pedinte sujo da rua
FUJO de mim próprio
deixo-te este poema inacabado
esta folha que agora é tua
terça-feira, 3 de maio de 2011
EU NO TEMPO DAS COISAS
Por vezes ao meio da vida tu és parado:
jogo sempre rotineiro,
quase decorado.
Falta de vontade, de jeito,
de habilidade para agir
provocam este nosso entorpecimento.
Vários meteoros cheios
vão continuar a cair
no nada, no meu nome ao esquecimento.
Molhado,
diluído no teu irremediavelmente.
Que porco é tudo isto,
estas sociedades de gente
ao serviço de um líder tremente.
Eu preferia nunca ter visto
esse crime de que me acusam,
mas o sangue ainda está a quente
e o meu é um pouco diferente…
é teu, com pedaços meus alugados.
Estes são versos não apagados,
de um poema,
de um registo criminal.
De um poeta que quis ser puro,
de um homem preso afinal
no escuro de si mesmo.
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