pensei
que estavas morto, dentro do meu corpo…
como
pudeste sobreviver no meu peito de pedra?
mudaste.
tens outro significante,
mas
és tu. és tão igual, és tão berrante.
iludo-me
contigo, como uma criança que só sabe chorar.
tenho
milhares de brinquedos, mas ninguém sabe brincar.
não vou,
como fui antes. sou eu, separado do passado.
andas
num chão tão leve, tão propício para escorregar…
eu
não consigo acompanhar os teus passos na água,
a
gravidade não existe para ti. és um sonho que apago!
és uma
garrafa que flutua no mar!
levas
para longe estas palavras que não quero.
[pausa,
espero, muda-se o púlpito]
vrhum,
vrhum, vrhum,vrhuuuuum! - ouve-se de súbito
a
mota a cair de podre do Armindo-Coxo, que sai do café.
(da
taberna, se isto não fosse um texto actual).
não
pega a mula da motorizada
e o
bafo a bagaço do Armindo desespera,
roga
pragas à máquina sem culpa.
[demorada
vai a noite noutro local]
uma
prostituta vende sexo por dinheiro.
amar?!
não conhece esse morfema.
está
inundada pelo podre rancor.
- que
fizeste a este poema? – perguntaste.
pisaste-me
primeiro! foge, amor!
[se achais
que poesia é torná-lo actor principal,
então
chamai-me carpinteiro, trolha, industrial,
pedinte
vagabundo que deambula se quiserdes.]
nestes
versos poderá ser achado o amor afinal,
mas o
mundo há-de levá-lo enquanto o medes.
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