quando
o reino nocturno tingiu todos os lugares de Buenos Aires
quando
os teus olhos se tornaram poços
como
remoinhos onde se reflectem todas as imagens ainda por criar
despidas
de formas
somente
significados condimentados com a liberdade do vazio
pudeste
nesse instante sentir a fragrância da rosa inatingível,
não
esta que deposito agora sobre a saudade dos teus versos
não
esta em decomposição e com o caule num copo submerso
para
fingir a vida
- porque
tudo são armazéns de morte
que conservamos
até ao último instante da razão
com a
débil esperança de lhe retirar a amargura
que
se propaga pelas pétalas que os nossos dedos vão arrancando
para a
concretização mágica dos desejos inocentes e juvenis
a que podamos cuidadosamente todos os espinhos
mas onde
as cicatrizes teimosas permanecem
como
porteiras que dão aos nossos medos as directrizes dos abismos
sei
que por todo o mundo ainda existem roseirais inteiros
vazios
de significado por não serem bravios
navios
que se afundam com um perfume que nunca sentimos
porque
os nossos olhos reclamam constantemente factos
relatos
deste e de outros mundos
actos
banais para encherem teatros
das
cidades não agarramos pedaço ou ilusão alguma
das
fábricas do tempo nada produzimos para além da escravatura
e desta
pálida e transitória rosa que agora transporto
e que
sufoco ao cerrar o meu punho
transformando-a
neste poema em ruptura e descomposto de senso
que é
testemunho sem palato ou profundo gosto
da
cegueira de mais um homem sem olfacto para o incenso místico
da
rosa que experimentaste e levaste do mundo
até
ao fundo da história da eternidade que os telescópios negam
onde
residem ecos abertos como ópios utópicos e expansivos
dos
manifestos ofensivos para a organização universal que os olhos pregam
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