sou dono de milhares de cores, aprisionadas em palavras,
e existo em várias personalidades, em distintos sujeitos.
tenho o preto e tenho o branco, acinzentados pelo tempo.
sou eu e eu pelo meio: um escreve e o outro somente relê:
nunca estamos de acordo. nunca somos um só ser.
escuto várias vozes, mas ninguém conhece o caminho.
vou assim, improvisando ao sabor do momento,
aguardando pelo líder ressurgido do denso nevoeiro.
sou os oceanos. sou as terras que vi primeiro.
sou as folhas secas de Novembro e as flores novas de Abril.
tenho todo um povo dentro de mim, que não sabe bem o que quer.
sou Portugal. sou um cravo, pousado num peito de mulher.
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