I
Enki
sugeriu a Anu, Deus-Primeiro, que eu fosse degolado,
para
que os deuses terrestres poupassem as forças.
e
assim veio ao Mundo um novo escravo: o Homem.
para
meus irmãos havíeis de procurar ouro
e
manter-vos-íeis cegos para o entendimento das maçãs.
é
de mim que descendes, Ilitch! ouve-me!
o
meu sangue e um pouco de barro são a tua essência;
a
tua vida tem o sacrifício oferecido da minha morte.
tu
és, por ventura, o derradeiro Homem, Ivan Ilitch,
e
todos aqueles que te rodeiam em silêncio
são
semideuses que te afagam no teu leito de morte.
-
não quero morrer! por Deus, não quero morrer!
a
morte nasceu contigo. a morte sou seu.
o
sangue que te pára nas veias foi outrora meu.
-
e quem és tu?
eu
sou Wé, o Deus Pai de toda a humanidade.
-
porque aceitaste a morte, ó Deus Desistente?
para
que os deuses, meus irmãos, pudessem descansar
e
para que o Homem, perante o tempo celestial dormente,
pudesse
abrir os olhos, amar a sucessão dos dias
e
chamar a isso Vida;
para
que pudesse sonhar o Universo e fingir que o entende.
Ivan,
fecha os olhos! a morte foi este teu tempo até agora
e
a dor é somente uma consequência de existires.
depois
de morto não tens rim nem apêndice, Ivan!...
-
deixa-me com as minhas dores! o tempo tudo sara!
não
quero morrer! não quero saber da eternidade!
não
temos tempo, Ivan! o tempo do Homem acabou.
Zaratustra
já vagueia pela cidade!...
-
quem é ele?
o
Novo Homem, aquele que encontrou ouro dentro de si.
-
e os deuses, teus irmãos, nosso pai, nada farão?
Anu
morreu a dormir, ao som de liras lacrimejantes,
e
Enki e os outros romperam os corpos pelo ouro.
como
vês, a utilidade do Homem Escravo cessou!..
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