penso: o
universo é uma obra cubista - de Picasso ou Braque, não importa! a realidade é,
per si, uma mera questão de perspectiva. uma verdade, não importa qual, é sempre
um decreto comummente aceite por uma sociedade organizada; é uma convenção
estabelecida pela forma como olhamos ou como pensamos. no entanto, serão os
nossos sentidos - o olhar em particular - sensores exactos? não sei!...
uma verdade pode
abranger toda a humanidade ou apenas uma civilização local. a realidade é
maleável e a retórica sabe esculpi-la. se mudarmos as nossas palavras, mudamos
o mundo, mudamos a verdade. a equação é simples. a incógnita somos nós. e todos
somos diferentes. obtemos múltiplos resultados. habitamos, assim, por
consequência, distintos mundos.
acredito na
força dos factos, mas todas as conclusões deles extraídas são sempre
subjectivas. então, posto isto, a boa retórica é aquela que nos embala, acalma
a existência e nos abranda o batimento cardíaco. todos gostamos de um bom conto
ao adormecer. «e foram felizes para sempre!...» a retórica é a aliança onírica
que se molda ao tamanho de qualquer dedo, apontado em prol de qualquer
propósito.
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