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quinta-feira, 1 de novembro de 2012

equação cubista




penso: o universo é uma obra cubista - de Picasso ou Braque, não importa! a realidade é, per si, uma mera questão de perspectiva. uma verdade, não importa qual, é sempre um decreto comummente aceite por uma sociedade organizada; é uma convenção estabelecida pela forma como olhamos ou como pensamos. no entanto, serão os nossos sentidos - o olhar em particular - sensores exactos? não sei!...
uma verdade pode abranger toda a humanidade ou apenas uma civilização local. a realidade é maleável e a retórica sabe esculpi-la. se mudarmos as nossas palavras, mudamos o mundo, mudamos a verdade. a equação é simples. a incógnita somos nós. e todos somos diferentes. obtemos múltiplos resultados. habitamos, assim, por consequência, distintos mundos.
acredito na força dos factos, mas todas as conclusões deles extraídas são sempre subjectivas. então, posto isto, a boa retórica é aquela que nos embala, acalma a existência e nos abranda o batimento cardíaco. todos gostamos de um bom conto ao adormecer. «e foram felizes para sempre!...» a retórica é a aliança onírica que se molda ao tamanho de qualquer dedo, apontado em prol de qualquer propósito.

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