prometem-te que não morrerás,
mas nunca terás tampouco vivido
e cerrarás os olhos com o orgulho gordo…
escondes-te da morte
e,
ao mesmo tempo,
escondes-te irremediavelmente da vida
– o tempo como veneno.
despertar todos os dias é nocivo,
mas o segredo é não o negar,
deixá-lo alastrar pela carne
e definhar a perfeição
que alguém nos vendeu estragada:
o pior dos vícios é a moral.
dizem-te
não penses,
não corras,
não comas,
não bebas,
não fumes,
não quebres,
não injectes,
não pises,
não grites de prazer ou de raiva,
não vomites a justiça que herdaste, meu
filho pródigo!
o que tu não suspeitas é de que és a tua
própria epifania
e de que tens concentrada em ti toda a
revolta necessária
para pôr fim à tirania da consciência e
da estética.
a beleza é o expoente máximo daquilo que
os olhos não alcançam,
aquilo que a ética monta no palco perpetuadamente
onde à noite os sonhos que trouxeste de
França dançam só para ti.
triste espectáculo este de utopias
tetraplégicas!
Sem comentários:
Enviar um comentário