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sexta-feira, 8 de novembro de 2013

Quando formos um

Quando formos um o mar será brando para os nossos recifes
o sol iluminará as nossas pegadas na areia
gravadas em compassos perfeitos pelos nossos pés descalços
e a maresia entrar-nos-á pelas narinas
saindo indelével em cada verso que emprestarmos a um poema

Quando formos um seremos um oceano de sensações secretas
o céu tocar-nos-á na linha do horizonte
para onde vão os pássaros chilreando nos seus múltiplos idiomas

Por enquanto somos dois e caminhamos sobre sonhos adiados
por terras sobrecarregadas de significados
sobre palavras que não dizemos sempre porque as gastaram
os homens a que o acaso nos moldou semelhantes
por fetish vanguardista de pintar para lá da linha de contorno

Por enquanto somos dois, somos um texto em construção
que ainda não deve ser lido por um historiador
mas capaz de embalar uma criança esperta nestas noites burras de amor

que inundam       unificam               e no entanto não diluem

Todos os rios do mundo cavalgam e confluem na nossa direcção
dá-me a tua mão
porque esta noite usaremos a lua como bóia

Esta noite seremos um

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