Durante
horas aguardámos um sentido na estação de comboios.
Matámos
a ditadura dos relógios,
imaginando
todas as rotas que poderíamos ter tomado
e todos
os lugares em que ainda nos aguardamos impacientemente.
Assim
nos detivemos durante demasiado e vago tempo:
a
vida esfumar-se entre os nossos dedos
que nunca
tocaram os sonhos canónicos das nossas vontades,
apenas
medos e trevos de três folhas que com vaidade colhemos.
Ninguém
nos viu durante todo o tempo em que ali esperámos,
sentados
em bancos de metal naturalmente gélidos,
e
muito menos alguém terá notado os nossos rostos parados
porque
as multidões são cegas, autistas
e o
amor trepidante talvez seja um atraso constrangedor
para
um mundo em constante hora de ponta.
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