p’ra
onde irão as minhas nuvens se eu por aqui não estiver?
imaginemos
que rebentávamos de fininho com o mundo,
antes
que este esmagasse as nossas essências ornitorrincas:
o
que seria feito aos meus dilemas, aos poemas inacabados?
eu
e tu sabemos que as minhas nuvens não são apenas água:
são
antimatéria, que se aniquila, que me aniquilam e levam
os
meus sonhos, os meus cofres, os meus remorsos por nós.
há
trombetas e selos por abrir nestas nuvens que se elevam.
eu
sei que plantaste um outro céu onde existo ágil e veloz,
um
daqueles de agosto: pontos brilhantes a escorrerem luz.
sim,
eu sei que até estamos bem perto desse nosso universo.
mas
desculpa-me, não sou capaz de deixar as minhas nuvens,
virar-lhes
as costas, dizer-te o que tu gostas e dar-te uma flor.
não,
não sou aço
e
estas nuvens não são medo,
não
são drogas
nem
a ânsia de sexo devasso.
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