quando passo na rua e vejo os velhos, em bancos antigos,
sentados,
eu absorvo aquela imagem, perspectivando os seus passados.
quando eu vejo as crianças: sorrisos e o céu dentro delas:
sem saberem que um dia terão os pés firmados no chão,
com tábuas limitadoras – decretos, moralismos e ditados –,
que rangem sempre que um anjo cai de novo,
eu simplesmente não percebo o simples.
tenho milhares de pensamentos voando livres.
claro, dentro dos limites da palavra liberdade –
que varia com a cor, o credo, o certo e o errado.
mas nunca percebo. nunca percebo!
tenho um peito frio, duro, à prova de bala.
sou a melhor máquina que consigo ser!
com orgulho, sigo andando, sem antever
o próximo passo…mas ele está programado.
e quando, na noite longa, avisto o unicórnio branco,
eu ligo as luzes de novo.
lá fora, um pranto de violino,
uma mulher que chora.
sou eu quem toca. é uma música,
um passado que a mente não quer.
– limítrofe! - dizem assim o meu nome a seco.
– é um beco, é um beco! – ninguém me ouve.
dias passaram em que eu ainda me escutava à porta.
mas todos os dias eu mudava. o tempo ia e voltava.
¬tic-tac-tic-tac-tic-tac.
hoje, por fim, apaguei todas as luzes
e deixei-me um bilhete para quando acordar:
“volto amanhã ou quando a vida me tornar”
Nota: O Transtorno de Personalidade Limítrofe, também muito conhecido como Transtorno de Personalidade Borderline, é definido como um grave transtorno de personalidade caracterizado por desregulação emocional, raciocínio extremista (cisão) e relações caóticas. Pessoas com personalidade limítrofe podem possuir uma série de sintomas psiquiátricos diversos como humor instável e reactivo, problemas com a identidade, assim como sensações de irrealidade e despersonalização. Com tendência a um comportamento briguento, também é acompanhado por impulsividade sobretudo autodestrutiva, manipulação e chantagem, conduta suicida, bem como sentimentos crónicos de vazio e tédio.
Sem comentários:
Enviar um comentário