Lua.
ninguém pode apreciar hoje o teu brilho,
quando
nua iluminas à noite os corpos que se escondem.
sob
a tua presença, luzes eléctricas atraem insectos
e
o mundo já não passa sem elas.
tudo
é aparato, tudo são artifícios…
a
sociedade vive para a ribalta, para as palmas,
embora,
como tu, esconda sempre uma das suas faces.
dizem
os sábios que o teu brilho não é próprio
e
que a tua existência está condenada à subordinação.
como
tu, também os homens giram perpetuamente,
gastam
a vida às voltas
e,
por vezes, são atraídos para buracos negros
onde
à luz da razão lhes falham os silogismos.
eu
sou um desses que vive para a antimatéria,
para
os abismos!...
Lua,
vem comigo! encontremos uma artéria nova
e
que ela em nós faça correr um brilho novo,
sem
dono nem leis.
contemos
até seis
e
esperemos que Mefistófeles nos leve,
como
com Fausto fez,
pela
terra, em direcção a um céu que não este.
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