Fotografia: Eduardo Lima
escrever
poesia é provocar terramotos interiores.
por
isso mesmo, quando me perguntam
por
que motivo insisto em fazê-lo, costumo dizer:
gosto
de tremer, porque o medo faz parte.
todos
sabemos, exceptuando os loucos,
camuflar
os nossos medos com as crenças mais absurdas,
crenças
que passamos de geração em geração. assim,
aos
poucos, aquilo em que acreditamos,
em
que acreditamos sem precisarmos do positivismo,
vai
sendo corrompido pelo tempo
e
pelas várias mãos que seguram e moldam essas certezas,
mas
que, por vezes, as deixam cair.
os
medos continuam sempre, eternamente.
o
tempo não existe para eles. um poema é um medo,
mesmo
quando escrevemos sobre o amor,
fazemo-lo
pelo medo consciente de o perder,
porque
o amor não é um medo,
e,
por isso, não atravessará as várias eras futuras do Universo.
disso
temos medo. um poema faz-se, simplesmente, de medo.
faz-se
de tempo deitado fora.
mas
é cedo, certeza com fracturas,
porque
eternos são os nossos medos camuflados de versos:
deuses-dourados-adolescentes
ou monstros-dementes diversos.
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