Fotografia: Eduardo Lima
eu
fui aquilo, quando as minhas mãos eram mais pequenas,
os
dedos mais curtos, um corpo inteiro de menores proporções
e
os meus sonhos tinham aquela magia secreta da enormidade;
eu
tive um pedaço de bolo da minha felicidade, cheiro a alecrim.
houveram
dias, supernovas de cores e de sabores exóticos,
florestas
de pinheiros mansos a sujar este novo mundo de betão,
aves
de migração de todas as espécies, colibris beijando corvos,
dias
esses que gostaria que fossem hoje gelados de sumo nossos.
se
o mundo soubesse os meus planos mais profundos, luminosos,
aqueles
que podem curar cegos e dizimar esses sublimes retóricos,
eu
creio que seria preso, culpado de deambular nu pelas esquinas.
se
o mundo fosse um jornal, com as informações falaciosas de nós,
eu
limparia nele o meu cu, vomitaria este tempo cru e de cortinas.
como
eu queria não ter sido tão gélido no dia da morte de Julieta,
ter
tido a bênção do autocontrolo, ter falado da chuva que fazia.
agora,
perdido em contradições, chagas interiores ao meu corpo,
eu
penso naquela criança, milagre-proveta, que sorria-sorria.
Sem comentários:
Enviar um comentário