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sexta-feira, 4 de novembro de 2011

sob nossos pés



não chove e eu disse-te. é a sorte.

enquanto os sinos anunciam aquela morte
alguém nascerá no Japão, sob nossos pés,
voltado de costas para nós, chorando muito.
ainda não saberá sentir, porém, saberá chorar.

nos velhos cadáveres uma fotografia persiste,
no amanhecer o sol vem desconfiado, treme,

não sabe porquê.

as velhas aprontam as lágrimas
e ajeitam as saias que cobrem as pernas esmurradas
por nobres senhores agora extintos – deixai-os estar!
já somos demasiados! já estamos atrasados!

não cabem mais no mundo as velhas hesitações.
tentaram mudar tantas vezes, inverter os padrões,
com centenas de milhares de mentiras pintadas
e expostas nos mais belos museus. queime-se tudo!
as ciências tenho-as comigo, um pouco rasgadas.

venha o padre! as velhas já chegaram!
está na hora, enterremos a tradição!

o tempo correu na torre sineira
e alguém nasceu no Japão…

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