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terça-feira, 1 de novembro de 2011

não acordes ninguém que possa perceber


olhemos o céu, a sua dimensão não importa.
esta noite contaremos todas as estrelas vivas
e aquelas que ainda brilham hoje para nós,
bem lá no alto, são mortas já, a noite inteira.

olhemos as ruas e os seus longitudinais anos,
os buracos que vai tapando com os pedintes
e as suas placas, com os nomes tão opacos.

vamos caminhando, o tempo vem também.

(se não sabemos a verdade podemos sempre inventar)

vamos nós, sempre sós, somos crianças de cabelos brancos.
vagueamos descalços na calçada, manchada de ácido.
não digas nada, não acordes ninguém que possa perceber

esta noite.

esta noite roubamos estrelas que colamos na memória.
quantas? não sei dizer. sigamos com os olhos pregados no céu,
fechados, até o meu sonho de novo se me morrer.

(se morremos acordados podemos sempre viver a sonhar)

2 comentários:

  1. "(se morremos acordados podemos sempre viver a sonhar) " Gostei de ler mas esta frase tocou-me, gostei muito!

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  2. Muito obrigado pelas palavras!

    Espero continuar a encontrar-te por aqui, tal como desejo que continues a partilhar os teus textos na página Jovens Escritores Portugueses. Aprecio bastante a tua escrita!

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