o Sol desponta
cedo. que se vá
o teu medo!
o meu pouco
conta.
ouve!
eu sou o Poema que se segue e quero falar-te!
sim,
a ti que me rediges, a ti que me lês e, por vezes,
te
esqueces, por motivos que desconheces, de outros como eu.
antes
de nasceres, alguém contemplou as estrelas,
passou
as mãos suavemente pelo seu ventre cheio,
movimentos
dentro dele, pontapés fortes no medo,
e
encontrou num céu pontilhado de olhos microscópicos de luz
uma
razão para acreditar. a tua Mãe aguardou-te e tu lá chegaste.
depois
de nasceres, caminhaste solto pelas ruas.
os
teus olhos esperançosamente abertos: a Vida
a
ser-te bombeada nas veias sob a tua pela fina;
a
Vida a fazer-te crescer. os sonhos antigos a despedaçarem-se
e
a cortarem-te os pés. a Sina chamou-te, mas tu não acordaste.
agora,
eu sei que tu já não acreditas em tudo, em mim;
agora,
sei que já és graúdo para nos teus assuntos eu me meter.
no
entanto, eu sei que nesta noite ainda existe um céu sem fim,
ainda
existem as mesmas estrelas que te viram nascer.
[mas
eu vi o céu cair,
eu
vi o sol queimar os corpos
dos
meus velhos soldados mortos.
eu
vi o céu cair
e
a lua sucumbir,
desvanecendo-se
no espaço.
eu
vi o céu cair
e
deus não assumir
a
patente do fracasso.]
só
tens de abrir a janela, pontapear os medos de uma vez
e
vê-los, deixá-los morrer. lê-me: impossível é não acreditar!
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