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terça-feira, 19 de março de 2013

Isto e Aquilo



A realidade é isto.
Imaginemos a realidade como um ser, híbrido e mutável, como qualquer outro, sujeito a uma evolução natural. A construção da realidade é feita a cada instante; é, por fim, até ao fim, o encadeamento das várias verdades que se vão conectando e sobrepondo umas às outras. Contemplemos a realidade como uma obra cubista, onde vários planos se cruzam; uma intersecção de perspectivas. A catharsis do real reside no infinito, pois a imaginação e a necessidade humana não têm limites.
            A eternidade é feita de uma sucessão infindável de momentos. E é desta forma, também, que o real, passo-a-passo, continua o seu caminho de forma a ajustar-se a um universo sem limites. Aquilo que racionalizamos e sistematizamos – o verdadeiro e o falso, o positivo e o negativo, o puro e o impuro, justo e o injusto – é então um legado inacabado, embora, muitas vezes, aos nossos olhos, nos pareça uma obra perfeita. Somos os herdeiros, o resultado, da operação plástica que impusemos a tudo aquilo que nos rodeia. Mas somos mais do que isso! Somos, enquanto espécie, os seus obreiros perpétuos.
            A realidade não está, por conseguinte, dependente do ponto de vista de cada ser pensante que a contempla e julga poder agarrar a sua omnipotente sempiternidade. As nossas mãos apenas a podem impelir numa ou noutra direcção; podemos esticá-la um pouco mais, reduzi-la, ajustá-la às nossas feições e aos nossos interesses.
            Esqueçam a frase com que iniciei este texto. Afinal, agora, a realidade é isto. Daqui a instantes, será isto e também aquilo que está por vir. Assim, sucessivamente, durante todas as eras futuras deste mundo e desta espécie sujeita a evolução, ela será isto e aquilo, isto e aquilo, isto e aquilo, isto e aquilo…