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domingo, 14 de dezembro de 2014

Fábricas de doenças e elixires fotossintéticos

O palco dos teus pesadelos está iluminado ao centro por um candelabro
e na plateia dois olhos flamejantes perscrutam o teu corpo
desalinhado com a cena onde repetes um monólogo interior.

À porta, um homem
com dois corvos sobre os ombros promove o espectáculo
e anuncia alarvemente a morte de um guerreiro clássico
a uma mulher que fuma impacientemente perfumados cigarros.

AJAX FOI DERROTADO PELA ESPADA DA LOUCURA

Da seiva das sombras veio o seu conflito,
tal como o teu que se acerca agora.
Consegues ouvir a marcha desse exército de medos só teus?

Não te envergonhes das loucuras que te assomam à noite,
de todos os tremores e desejos infundados,
atenta que o mais valeroso guerreiro morreu como um poeta,
louco, tombado sobre a própria lâmina.

Todos os homens são cordiais militares de sorrisos diurnos,
mas nas trevas buscam o consolo de um eufemismo agridoce
e de uma metáfora almofadada que embeleze e alinhe o sentido
deste e de outros poemas noctívagos
que perseguem a tua paz a(ssa)ssinada com tratados
e com fábricas de doenças e elixires fotossintéticos.

A absorção de qualquer luz que possuas
em troca de oxigénio.

Assim te propõem eles
E tu compras.
Ora pois, não és louco ainda!