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domingo, 16 de dezembro de 2012

a prece de um assobio


uma flauta celta anuncia a tua onírica chegada.
pelos campos e escarpadas onde florescem e morrem homens,
propaga-se uma melodia harmónica que suplanta o canto dos pássaros.

os dias que saboreámos juntos, como se de rebuçados se tratassem,
são o paladar que ainda hoje me envolve o músculo mais fraco.
és a linha do horizonte que bebe o sol e alavanca a lua.

a noite recheada de estrelas vai sangrando luz.
escrevo. penso enquanto escrevo. paro. o tempo passa.

In a field down by the river, my love and I did stand
And on my leaning shoulder, she laid her snow-white hand.
She bid me take life easy, as the grass grows on the weirs
But I was young and foolish, and now am full of tears.

o brilho do teu significado trago-o na lembrança, a quente,
como o sol que aquece os corpos em agosto e os incendeia.
a mudança de estação é cruel para a nossa noção do tempo.
pára! estes motivos, pode ser que alguém os leia.

o teu corpo existe. longe. podes estar a dormir, podes estar a rir,
podes estar a fazer  mil e uma coisas e, algumas, não as imagino.
resides nos meus pensamentos, nas possibilidades, nesta noite.

sou a Lua com a luz esbatida no rosto.
sei que numa era por anunciar terás o sol todo bebido
e trarás um dia novo pronto me abraçar.

porque tu és a palavra, és a vida, és eterna, és agosto.



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