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sábado, 21 de setembro de 2013

artéria nova

Lua. ninguém pode apreciar hoje o teu brilho,
quando nua iluminas à noite os corpos que se escondem.
sob a tua presença, luzes eléctricas atraem insectos
e o mundo já não passa sem elas.

tudo é aparato, tudo são artifícios…
a sociedade vive para a ribalta, para as palmas,
embora, como tu, esconda sempre uma das suas faces.

dizem os sábios que o teu brilho não é próprio
e que a tua existência está condenada à subordinação.

como tu, também os homens giram perpetuamente,
gastam a vida às voltas
e, por vezes, são atraídos para buracos negros
onde à luz da razão lhes falham os silogismos.

eu sou um desses que vive para a antimatéria,
para os abismos!...

Lua, vem comigo! encontremos uma artéria nova
e que ela em nós faça correr um brilho novo,
sem dono nem leis.

contemos até seis
e esperemos que Mefistófeles nos leve,
como com Fausto fez,

pela terra, em direcção a um céu que não este.

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