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quarta-feira, 9 de outubro de 2013

vista nocturna de uma manhã citadina

as ruas foram despojadas de caminhos
não sabem para onde vão       mas seguem
encontram-se casualmente nas encruzilhadas
onde também as multidões param e avançam
também elas perdidas
também elas cansadas da poética das cidades

um avião traça nos céus uma linha de fumo
e ninguém suspeita para onde se dirige

lá do alto parecemos pequenos e irrisórios
vistos da terra parecemos provisórios espelhos
baços por tudo aquilo que nos rodeia

à parte disto sobra-nos a arte de pasmar
com a nossa própria efémera e curta significância
porque aqueles que se julgam maiores são deuses

e de nada serve ser divino em cidades sem crenças

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