as
ruas foram despojadas de caminhos
não sabem
para onde vão mas seguem
encontram-se
casualmente nas encruzilhadas
onde
também as multidões param e avançam
também
elas perdidas
também
elas cansadas da poética das cidades
um avião
traça nos céus uma linha de fumo
e ninguém
suspeita para onde se dirige
lá do
alto parecemos pequenos e irrisórios
vistos
da terra parecemos provisórios espelhos
baços
por tudo aquilo que nos rodeia
à
parte disto sobra-nos a arte de pasmar
com a
nossa própria efémera e curta significância
porque
aqueles que se julgam maiores são deuses
e de
nada serve ser divino em cidades sem crenças
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