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quarta-feira, 19 de novembro de 2014

Campanhã, 6min, 18:43

Durante horas aguardámos um sentido na estação de comboios.
Matámos a ditadura dos relógios,
imaginando todas as rotas que poderíamos ter tomado
e todos os lugares em que ainda nos aguardamos impacientemente.

Assim nos detivemos durante demasiado e vago tempo:
a vida esfumar-se entre os nossos dedos  
que nunca tocaram os sonhos canónicos das nossas vontades,
apenas medos e trevos de três folhas que com vaidade colhemos.

Ninguém nos viu durante todo o tempo em que ali esperámos,
sentados em bancos de metal naturalmente gélidos,
e muito menos alguém terá notado os nossos rostos parados
porque as multidões são cegas, autistas
e o amor trepidante talvez seja um atraso constrangedor
para um mundo em constante hora de ponta.


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