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quarta-feira, 1 de dezembro de 2010

A MAÇÃ

A MAÇÃ


Esta maçã não me sabe

Largo-a
E sigo sem olhar
Sem lhe voltar a tocar

Tal como me deixaram
Esqueceram talvez
Não importa
Não quero falar disso
Não agora

Esta maçã não me sabe

Não quero
Porque eu só como o que gosto
E talvez por isso morro de fome

Esfomeado de sensações
Mascando aquelas de que gostei
Um dia

Naquele dia
Em que me deste uma maçã
Fruto do pecado
E juntos fodemos o mundo

Sem deus ou demónio
Sem herói ou vilão
Sem destino erróneo
Que nos cola ao chão

Nesse dia
Nós fomos apenas nós
Sós de tudo

Como galáxias próximas num universo morto
Como barcos roubados de uma frota no porto

Nesse dia
Fomos nós e maçã

Hoje a nada me sabe
Deixo no prato

Como amanhã

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