A MAÇÃ
Esta maçã não me sabe
Largo-a
E sigo sem olhar
Sem lhe voltar a tocar
Tal como me deixaram
Esqueceram talvez
Não importa
Não quero falar disso
Não agora
Esta maçã não me sabe
Não quero
Porque eu só como o que gosto
E talvez por isso morro de fome
Esfomeado de sensações
Mascando aquelas de que gostei
Um dia
Naquele dia
Em que me deste uma maçã
Fruto do pecado
E juntos fodemos o mundo
Sem deus ou demónio
Sem herói ou vilão
Sem destino erróneo
Que nos cola ao chão
Nesse dia
Nós fomos apenas nós
Sós de tudo
Como galáxias próximas num universo morto
Como barcos roubados de uma frota no porto
Nesse dia
Fomos nós e maçã
Hoje a nada me sabe
Deixo no prato
Como amanhã
Sem comentários:
Enviar um comentário