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segunda-feira, 2 de julho de 2012

as nuvens que não posso deixar




p’ra onde irão as minhas nuvens se eu por aqui não estiver?
imaginemos que rebentávamos de fininho com o mundo,
antes que este esmagasse as nossas essências ornitorrincas:
o que seria feito aos meus dilemas, aos poemas inacabados?

eu e tu sabemos que as minhas nuvens não são apenas água:
são antimatéria, que se aniquila, que me aniquilam e levam
os meus sonhos, os meus cofres, os meus remorsos por nós.
há trombetas e selos por abrir nestas nuvens que se elevam.

eu sei que plantaste um outro céu onde existo ágil e veloz,
um daqueles de agosto: pontos brilhantes a escorrerem luz.
sim, eu sei que até estamos bem perto desse nosso universo.

mas desculpa-me, não sou capaz de deixar as minhas nuvens,
virar-lhes as costas, dizer-te o que tu gostas e dar-te uma flor.

não, não sou aço
e estas nuvens não são medo,
não são drogas
nem a ânsia de sexo devasso.


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