Páginas

domingo, 20 de julho de 2014

América

pelas calçadas de espinhos deambula um homem espelhado
de origem e ares insuspeitos, com o peito inflado e recto
e na cabeça um mar inteiro vai abraçando violentamente navios voláteis,
            originais e abjectos,
            imponentes em suma,
ideais para a descoberta de tesouros novos,
mas que transportam ideias escravas do medo imposto pelo ídolo criador,
            vergadas por uma moral pirateada
            e afundadas pelos caprichos dos ponteiros cada vez mais urgentes
e descrentes da sua exactidão
 – como aqueles relógios do Dalí.

esta é, assim e derradeiramente, a sinopse deste poema agora revelado.
mas, afinal, quem sou e quem és tu?
Somente protótipos de exploradores falhados

como Colombo, eu reclamo como sendo meus estes versos e esta ideia
apenas pela casualidade de nunca ninguém com eles se ter deparado.

a ti cabe-te a prazerosa e intelectual tarefa da chacina.
mata as diversas possibilidades que este verso deixará em aberto
e as poucas que poupares converte-as à tua fé.

Sem comentários:

Enviar um comentário