Mãos erguem-se para o céu. Olhos perdidos olham o vazio, do mundo feito de utópico papel facilmente corrompido pela erosão da mentira…
Olhei desprotegido para o enorme clarão
Enquanto nos céus o cogumelo ainda se erguia
Aquela morte não tem resposta
Nem qualquer explicação
A minha face nasceu exposta
A esse deus com radiação
Foi como ver o brilho de mil sóis
Manchado pelo sangue espalhado no ar
Foi como não ter o corpo
Que a chuva há-de queimar
Hoje não sei se ficarei
Ou se morro
Fico quieto somente
Na esquina alguém chama
Alguém clama por socorro
As primeiras gotas já caem
E corroem olhos e pele
Pouco me importa isso agora
Pois de ver não faço questão
Até o toque da tua mão
A explosão levou embora
O que choca não é morte
O que dói não é ferida
A chuva levará tudo isso
Antes me custa esta sorte
Que me faz ainda ter vida
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