Páginas

sábado, 1 de janeiro de 2011

SÓIS

Mãos erguem-se para o céu. Olhos perdidos olham o vazio, do mundo feito de utópico papel facilmente corrompido pela erosão da mentira…


Olhei desprotegido para o enorme clarão
Enquanto nos céus o cogumelo ainda se erguia

Aquela morte não tem resposta
Nem qualquer explicação
A minha face nasceu exposta
A esse deus com radiação

Foi como ver o brilho de mil sóis
Manchado pelo sangue espalhado no ar

Foi como não ter o corpo
Que a chuva há-de queimar

Hoje não sei se ficarei
Ou se morro
Fico quieto somente

Na esquina alguém chama
Alguém clama por socorro

As primeiras gotas já caem
E corroem olhos e pele

Pouco me importa isso agora
Pois de ver não faço questão
Até o toque da tua mão
A explosão levou embora

O que choca não é morte
O que dói não é ferida
A chuva levará tudo isso

Antes me custa esta sorte
Que me faz ainda ter vida

Sem comentários:

Enviar um comentário