Deito-me
sobre os versos verdes da manhã que anuncias,
e sou
capaz de permanecer assim uma noite, um século,
acompanhando
a alternância celeste entre o sol e as estrelas,
entre a luz
que não agarro e as trevas que trouxe comigo de casa.
Sou
mesmo capaz de ficar assim durante muito tempo.
Invernos
estalinistas a conjecturar todas as primaveras possíveis,
todas
as metáforas novas que se abrem à tua passagem
e em
seguida se recolhem, quando as tento
espalhar no rosto
deste
poema que eu pedi almofadado e com um escudo de fé.
Mal
fadado é o homem que permanece deitado
e
espera que a vida lhe traga propostas de veludo.
No final de tudo, a poesia não é um deus
e tão
somente concebe através da corrosão.
A
poesia é pouco mais do que acordar com dores nas costas
ou
ter o osso imaginário da razão carente de cálcio.
E o
que importa isso?
Também
ninguém imagina um poeta a fazer halterofilia.
A
poesia é uma guerra e paz de trazer por dentro do corpo,
onde nas
veias
expedições
homéricas partem em busca do nome infantil do mundoe do seu significado.
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