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quinta-feira, 9 de abril de 2015

Hoppipolla

Não percebo, nãopercebonãoper cebonão
perce bon ãoperce bo nã ope rcebo não.

Espera, já me lembro!
Isto é um poema que escrevi enquanto ouvia Sigur Rós.

Nunca tive curiosidade em perceber o significado das letras.
Não tenho, aliás, o desejo de perceber grande coisa,
para além de que a beleza não se traduz.

Percebes o que quero dizer? Esquece!...
Escuta apenas o ritmo cardíaco das palavras.

Pum-pum, pum-pum, pum-pum, pum- pum
e assim sucessivamente, até rebentares de espanto
ou desencanto.

As palavras são maleáveis, são como uma goma plástica
e dizem que essa merda pode demorar mil anos até desaparecer.
Mesmo quando deixas de usar determinadas palavras,
elas continuarão a existir.
Mesmo quando já não as perceberes,
elas continuarão a existir para além de ti,
sobre o teu mármore onde alguém escreverá palavras bonitas.

Percebes o que quero dizer? As palavras são maiores do que tu.
Existem palavras gigantes
que deixam pegadas colossais na areia dos teus dias.

Se perderes o teu tempo a tentar medi-las,
nunca poderás seguir o trilho melódico
que te conduz ao domínio do idioma dos pássaros.



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