Não
percebo, nãopercebonãoper cebonão
perce
bon ãoperce bo nã ope rcebo não.
Espera,
já me lembro!
Isto
é um poema que escrevi enquanto ouvia Sigur Rós.
Nunca
tive curiosidade em perceber o significado das letras.
Não tenho,
aliás, o desejo de perceber grande coisa,
para além
de que a beleza não se traduz.
Percebes
o que quero dizer? Esquece!...
Escuta
apenas o ritmo cardíaco das palavras.
Pum-pum,
pum-pum, pum-pum, pum- pum
e assim
sucessivamente, até rebentares de espanto
ou
desencanto.
As
palavras são maleáveis, são como uma goma plástica
e dizem
que essa merda pode demorar mil anos até desaparecer.
Mesmo
quando deixas de usar determinadas palavras,
elas continuarão
a existir.
Mesmo
quando já não as perceberes,
elas continuarão
a existir para além de ti,
sobre
o teu mármore onde alguém escreverá palavras bonitas.
Percebes
o que quero dizer? As palavras são maiores do que tu.
Existem
palavras gigantes
que
deixam pegadas colossais na areia dos teus dias.
Se
perderes o teu tempo a tentar medi-las,
nunca
poderás seguir o trilho melódico
que
te conduz ao domínio do idioma dos pássaros.
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