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sexta-feira, 7 de janeiro de 2011

QUASE POEMA

Vozes perdem-se no vento
O sentido passa e não volta
A este segmento de tempo
Em que o momento é tão lento
E a aurora se demora

Sofro aguento calo amordaçado
Por raiva ou amor
Talvez loucura somente

Não não não
Mil vezes não
Tanta verdade que me mente
Eu expulso-a do meu corpo
Vómito provocado
O sonho é abortado
Por esta doce amargura
Cicatriz que em mim perdura

Eu não sou perfeito
Não sou
Eu sei que não sou
Nem quero ser
Eu não sei o que dizer

Desculpa apenas
Não não não
Desculpa não

O melhor é esquecer
Todo este quase nada
Este poema sem alma

Não
Não tem alma sequer
Nem perfume de mulher

Apenas tem palavras
À deriva no pensamento
Palavras perdidas
Ou esquecidas
Despejadas no momento


Nota: este poema não é propriamente recente. É o resultado dum "esboço" feito há três anos atrás e que agora refiz. Nota-se claramente que o poema tem duas correntes distintas. Um lado mais informal e livre, a parte antiga. E algumas partes mais pensadas, acrescentadas nesta remodelação ao texto. Espero que gostem!

3 comentários:

  1. Muitas vezes um poema é apenas o desejo de o ser...

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  2. Exactamente! Um poema apenas precisa de conter sentimento, seja ele qual for, e de conseguir passá-lo para o leitor.

    Mais uma vez obrigado

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  3. Exacto...
    Muitos poemas sao poemas apenas por essa mesma razao. Nao ha explicaçao para a sua criaçao. Apenas palpites.

    Fernando Teixeira

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