
Havia chuva que não molhava o meu corpo,
caía no chão para depois evaporar fria.
É da natureza das coisas o quente ebulir
mas no frio tão prudente deus fez-se desistir:
fez evaporar estas contaminadas águas,
ainda que cortantes, ainda que geladas.
O dia não foi bem,
como eu tinha executado mentalmente.
Actos que eu não queria,
palavras revoltas: cruéis:
manifestaram-se contra mim,
contra minha própria vontade.
Ela,
não sei se esperando ou não,
não chorou as mesmas lágrimas,
secas, que eu forcei.
Houve um virar de costas,
houve um soluço meu
e depois houve silêncio…
depois morreu.
Poema triste!
Pela janela do seu quarto
assistiu a tudo uma criança.
Atrás dessa janela,
para além do seu quarto,
alguém se trava de razões.
Um copo que estava cheio
e que agora é nada.
Uma criança como eu,
impotente, olhando a estrada.
Eu homem e ela mulher
crianças comos agora.
Um dia, quando ela disser,
sairemos ao mundo lá fora
como dois desconhecidos que somos.
Como dois pássaros no Inverno,
falaremos daquilo que fomos,
rasgaremos o amor eterno
e seremos um pouco por um momento…
seremos nós em pensamento.
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