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segunda-feira, 5 de dezembro de 2011

baixa quietude (Porto: um lugar onde o tempo anda para trás)


as pessoas sucedem-se, ora velhas, ora novas…
os passos repetem-se, ora lentos, ora rápidos,
dependendo sempre dos destinos traçados,
perfeitamente delineados com olhos cegos.

os passos repetem-se na baixa e eu parado,
fico,
assisto continuamente. calado,
observando somente. pensamentos submetidos
a um escrutínio constante, sufocante. silêncio

entre as vozes mais do que muitas, perdidas
numa imensidão mais do que imensa: é rarefeita.

as pessoas sucedem-se na baixa e eu quebrado
consinto,
não minto. sou eu, o mais direito que consigo.

visto qualquer coisa para não parecer mal
e no final ponho um sorriso qualquer.
no ar um perfume de mulher invade o vagabundo.

na esquina ele espera a moeda que não cai...

no meu canto eu escrevo um poema que não sai…

e o Porto andando sempre, não olha para ninguém.
não repara, não pára. é ele sem mim e sem ti,
se assim o quiseres.

um dia quando puderes terás na baixa quietude,
escondida sob a azáfama artificial da sociedade,
com os passos sempre tão rigorosamente contados.

verás eléctricos vazios com pessoas amiúde,
as palavras presas na língua
e versos, como estes,

desordenados.



Nota: o vídeo que tão bem pinta este poema foi idealizado e realizado pelo meu amigo Eduardo Lima.
Espero que gostem!

André B. Correia

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