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quarta-feira, 8 de setembro de 2010

CAMA DE LAVADO




O sol queima
e acorda-me do sono

Ergo-me do pó
limpo os olhos para ver
as mãos estão sujas
e o sangue a escorrer

O meu pensamento grita
para um céu sempre encoberto
o abutre ao longe fita
este filho de deus incerto
minha alma não está perto
e eu não sei para onde ir
os meus pés estão cansados
e as pernas deixam-me cair
partindo-me em mil bocados

A esperança aqui não medra
e o sonho não se dá
tiro do sapato a pedra
e atiro-a para lá

Não sei muito bem para onde
talvez para o mesmo lugar
onde o meu futuro se esconde
onde a sorte ri de mim
eu não sei para onde virar
nestes caminhos sem fim

Eu vou
ficando-me

Eu dou
cortando-me

Eu sou
o estranho resultado
de parcelas imperfeitas
sou o espelho para ti virado
nessa cama em que te deitas
hoje feita de lavado

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