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quarta-feira, 13 de junho de 2012

planos para amanhã



fiquei de te escrever um poema que falasse dos teus olhos,
como se eles, essas criaturas de um cristal utópico e onírico,
pudessem ser resumidos, compactados em versos rimados.

fiquei de me colar um bilhete na memória volátil dos dias,
do quotidiano vertiginoso das colinas perdidas no horizonte,
que me lembrasse dos timbres impossíveis dos teus passos.

fiquei de te trazer uma lembrança do cruzeiro transatlântico,
que iniciei há duas horas na tentativa de esquecer a tua falta.
mas, por  capricho, não icei a âncora da nossa casa em ruínas.

ah, disto não me posso mesmo esquecer! as estrelas do sul…
tenho de te falar delas, das figuras que compõem nas noites
em que as nuvens nada podem contra os sonhos do mundo.

daqui a pouco, quando esta noite chegar, quando eu chegar,
só a insónia me esperará sentada na soleira torta da porta,
aconchegada por mantas esquecidas com padrões de urtigas.

perguntará o que faço com um papel e uma caneta numa mão,
um barco de borracha na outra, um bilhete estampado na testa
e um saco de pirilampos pendurado às costas, vindo da floresta.

e eu direi: são planos para amanhã! são planos para amanhã…

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